Sob comando de Hugo Motta, Câmara fica paralisada enquanto alianças contraditórias se intensificam

Nesta segunda-feira (19/05), a Câmara dos Deputados segue com os trabalhos esvaziados sob a presidência de Hugo Motta (Republicanos-PB), eleito em fevereiro deste ano. Apesar de acordos com a oposição, o deputado tem impedido o avanço de pautas relevantes, enquanto mantém proximidade com figuras do governo Lula, ministros do STF e lideranças do PT.

Nos últimos meses, o ritmo de votações na Câmara diminuiu drasticamente. Pautas de interesse do governo e da oposição estão travadas, incluindo a proposta de anistia aos presos do 8 de janeiro e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. Deputados relatam frustração com a falta de compromisso de Motta com a agenda que prometeu destravar.

Apesar de declarações públicas em defesa da pacificação e da harmonia entre os Poderes, Motta tem adotado uma postura que impede o avanço de qualquer debate mais sensível. As sessões são esvaziadas, e o plenário praticamente parou. Lideranças apontam que o presidente tem colocado em votação apenas temas neutros e sem impacto prático.

A crítica mais recorrente é de que Motta firmou compromissos com a bancada do PL e com parlamentares conservadores, mas não os cumpriu. Ao mesmo tempo, mantém uma rotina frequente de encontros com ministros do Supremo Tribunal Federal, integrantes do governo Lula e líderes petistas, levantando dúvidas sobre sua real independência.

Enquanto deputados esperam uma reação firme diante da interferência do STF sobre o caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), Motta adota silêncio estratégico. A decisão do Supremo de ignorar uma resolução da Câmara que protegia Ramagem não teve qualquer resposta institucional, o que tem gerado forte insatisfação entre parlamentares.

Na prática, o presidente da Câmara tem optado por agradar o governo e o Judiciário em detrimento da representação popular. Parlamentares afirmam que Motta tem preferido articulações de bastidores com Lula e ministros do STF do que defender as prerrogativas da Casa. O comportamento tem sido visto como promíscuo e contraditório para quem se apresentou como neutro.

A oposição cobra atitude. Para o líder da bancada, Luciano Zucco (PL-RJ), a omissão de Motta abre espaço para que decisões monocráticas do Judiciário se sobreponham à vontade do Parlamento. Ele destaca que não se trata apenas de um caso isolado, mas de um processo contínuo de enfraquecimento do Legislativo.

A condução atual da Câmara tem gerado desconfiança até entre aliados. A expectativa era de um presidente comprometido com a pauta conservadora e com o equilíbrio institucional. No entanto, a prática mostra um gestor omisso, que paralisa o Congresso e alimenta alianças que colocam em risco a independência dos Poderes.

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