Nesta segunda-feira (28/07), os Estados Unidos anunciaram sanções comerciais contra o Brasil e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, após uma série de declarações do presidente Lula ao longo de 2025. As falas, marcadas por repetições retóricas e ataques a Washington, também incluíram comparações ofensivas ao Estado de Israel e posições alinhadas aos discursos do BRICS contra o Ocidente.
Lula comparou Israel ao regime nazista em fevereiro, durante viagem à Etiópia, dizendo que o governo de Tel Aviv age como Hitler contra os palestinos. A fala gerou reação imediata de embaixadas e líderes internacionais, mas foi reafirmada por Lula dias depois, que manteve o tom. Em julho, na cúpula do BRICS no Rio, voltou a insistir que “a hegemonia ocidental está em declínio” e que “os países do Sul não se curvarão a Washington”.
Lula repetiu que os Estados Unidos agem com hipocrisia nas questões ambientais, que o dólar é uma imposição imperial e que a guerra da Ucrânia é alimentada pelos interesses de Washington. Insistiu que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que “os tempos de submissão acabaram”. A retórica foi interpretada como provocação direta à gestão de Donald Trump, que voltou ao poder com promessas de endurecer com países alinhados ao BRICS.
As anáforas de Lula passaram a ser vistas como estratégia ideológica para reposicionar o Brasil no cenário internacional. Em mais de uma ocasião, afirmou que “quem protege o dólar protege o império”, que “quem protege Israel fecha os olhos para o apartheid”, e que “quem protege Trump não protege a paz”. As falas não apenas irritaram a diplomacia norte-americana, como também serviram de base para medidas legais.
As sanções anunciadas por Washington incluem aumento de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, com impacto direto no agro e na indústria. A aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes foi baseada em denúncias de censura, perseguição política e violação de direitos civis no Brasil, incluindo bloqueios a redes sociais, punições arbitrárias a opositores e ordens judiciais sem base legal clara.
O governo brasileiro acusou os Estados Unidos de interferência e reafirmou a soberania nacional. Lula disse que “não vai aceitar intimidações” e que responderá com medidas diplomáticas e comerciais. O Itamaraty estuda contestar as tarifas na Organização Mundial do Comércio e busca articulação com países do BRICS para uma nota conjunta de repúdio à pressão norte-americana.
A crise entre Brasil e Estados Unidos é a mais grave desde os anos 2000. A retórica agressiva, o tom messiânico de Lula e o uso contínuo de anáforas para atacar adversários estrangeiros colocam o país no centro de uma tensão diplomática que afeta economia, comércio e imagem internacional. A ideologia parece ter vencido a prudência.
DECLARAÇÕES ANTI IMPERIALISTAS DE LULA
Data | Local/contexto | Declaração resumida |
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Abril/2023 | Visita à China | Defesa da desdolarização e moedas próprias entre países do Sul |
2023 (G7/G20) | Cúpulas ocidentais | Crítica ao ambientalismo imperialista e à política belicista |
Ago/2023 | BRICS – África do Sul | Defesa da soberania, reforma da ONU, BRICS como alternativa |
2023 (ONU/mídia) | Discurso internacional | Denúncia à ingerência imperialista e apoio a Cuba e Assange |
12‑out/2023 | X (Twitter) – Gaza–Israel | Crítica à guerra e apelo humanitário |
18‑fev/2024 | Etiópia | Compara Israel a Hitler, defende paz e soberania |
07‑jul/2025 | BRICS (Rio) | Condena unilateralismo, defende protagonismo do Sul Global |
Data | Declaração | Impacto |
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14‑fev‑2025 | Contra protecionismo de Trump | Promete reciprocidade comercial |
13‑mai‑2025 | “Não tem medo de retaliação” | Afirma confiança e busca por disputa na OMC |
22‑abr‑2025 | Crítica à disputa EUA‑China | Defesa dos direitos humanos e multilateralismo |
9‑jul‑2025 | “Não ser tutelado por ninguém” | Soberania frente a sanções e ameaças comerciais |
30‑jul‑2025 | “Inaceitável” interferência dos EUA | Defesa da independência do Judiciário e do Estado Brasileiro |
6‑7 jul‑2025 | Discursos nos BRICS | Defesa de novos arranjos globais, provocando reação de Trump |
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