Nesta segunda-feira (20/05), em cerimônia oficial no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou o papel da cultura como "extraordinária contribuição para a defesa da democracia", ao lado de ministros e artistas alinhados ao governo. A declaração reforça a estratégia do Planalto de utilizar o setor cultural como vitrine ideológica e justificativa para os altos repasses promovidos pelo Ministério da Cultura desde 2023.
Durante o evento, o presidente celebrou publicamente os investimentos feitos na área cultural, sem apresentar critérios técnicos claros ou números concretos de impacto social. A fala foi mais um gesto político em defesa de um modelo de financiamento que já consome cerca de R$ 16 bilhões por ano, distribuídos majoritariamente a coletivos, entidades e personalidades simpáticas ao governo. Na prática, trata-se de uma cultura oficial financiada por todos, mas controlada por poucos.
A retomada desses repasses se deu desde o retorno de Lula à Presidência, com o discurso de reconstruir a área cultural após cortes feitos nos governos anteriores. No entanto, ao contrário de descentralizar e democratizar os recursos, o modelo atual concentra os investimentos em grupos específicos, muitos dos quais vinculados a pautas ideológicas e partidárias. A cultura, nesse contexto, deixa de ser patrimônio nacional e se transforma em ferramenta de propaganda política.
Ao falar em “defesa da democracia”, Lula utiliza um conceito impreciso que mascara o real uso dos recursos: sustentar uma base cultural militante com dinheiro público. O termo democracia, nesse uso, refere-se à manutenção de um projeto político específico, e não à pluralidade de ideias ou ao livre debate. A estrutura atual exclui artistas e movimentos com visões divergentes, tratando a cultura como trincheira política. Ele se refere a "democracia do proletário".
Enquanto a população enfrenta dificuldades em áreas fundamentais como saúde, segurança e educação, o governo prioriza investimentos milionários em festivais ideológicos, premiações seletivas e produções de pouca repercussão popular. A ausência de prestação de contas eficiente e de metas objetivas agrava ainda mais a desconfiança sobre o real destino desses recursos.
A política cultural promovida por Lula não é neutra nem técnica. Ela serve para manter um ciclo de dependência entre o Estado e os produtores culturais alinhados ao poder. Trata-se de um sistema onde os beneficiados retribuem com apoio político e legitimação pública, criando uma falsa ideia de consenso nacional em torno de um projeto que, na realidade, exclui a diversidade verdadeira.
O discurso do presidente escancara o uso da cultura como extensão do projeto de poder, travestido de democracia. Ao invés de garantir liberdade de expressão e incentivo amplo à criação artística, o governo opta por financiar o pensamento único. É preciso romper com essa lógica e exigir que os investimentos em cultura sejam pautados pela transparência, pelo equilíbrio e pelo real interesse público — e não pela conveniência política do grupo que ocupa o poder.
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